domingo, 13 de junho de 2010

Jornalismo de inclusão

 "Dando voz a quem não tem vez", slogan da ONG Vez da Voz. (Foto: TeleLibras)

Estima-se que no Brasil, existam hoje, cerca de 6 milhões de surdos e 5 milhoes de cegos. Um total de 11 milhões de pessoas praticamente excluídas dos sistemas de informação. Mas, ainda bem que existem pessoas inovadoras como a fonodióloga Claúdia Cotes, de 42 anos, que é autora de um projeto de inclusão social. Trata-se do TeleLibras, o primeiro jornal brasileiro traduzido para todos os públicos na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). É feito por (e para) deficientes.

Claúdia é mestre e doutora em linguística & mídia e ensina jornalistas de TV a se portar diante das câmeras. Ela desenvolve a dicção nos repórteres e imprime emoção ao noticiário. O dela é construir "um mundo para todo mundo", um lugar onde cegos, surdos e pessoas com deficiência intelectual ou física, sejam parte da sociedade e não excludentes. A idéia surgiu quando a fonodióloga soube por amiga surda que os deficientes auditivos não compreendem o noticiário da TV.

Para o surdo, acompanhar a legenda de filmes, ou o recurso closed caption (as legendas destinadas a deficientes auditivos da televisão) é bem difícil porque muitas destas pessoas são alfabetizadas na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), cuja estrutura gramatical é simplificada. A simples frase "Eu vou até sua casa", se transforma em "Casa vou" em Libras.

O jornal TeleLibras funciona da seguinte forma: o telespectador que tem dificuldades  ou não enxerga, pode imaginar a cena ao ouvir o relato detalhado do fato. Se não escuta, pode assistir pela linguagem de sinais. O diferencial do jornal é que o apresentador surdo fica ao lado e no mesmo plano do que o outro apresentador, que fala e ouve. O jornalista deficiente dá a notícia e atrás da câmera, o intérprete traduz para a língua de sinais. Só então o repórter surdo copia os gestos.

Os integrantes do TeleLibras já recebem para trabalhar desde abril deste ano. O dinheiro vem da Lei de Isenção do ICMS. O Projeto TeleLibras da ONG Vez da Voz criada por Claúdia. O jornal é feito por 23 profissionais, entre deficientes (cadeirantes), surdos, cegos, pessoas com síndrome de Down e não deficientes. Todos os programas estão disponíveis para download de graça no site www.vezdavoz.com.br. O primeiro foi ao ar em 2006. E hoje já são mais de 200 programas.

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